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MALU MADER

Em 28 de maio de 2002, exatamente 14 anos e 02 meses após a estreia de FERA RADICAL, fomos gentilmente recebidas pela atriz Malu Mader em seu apartamento no bairro de Ipanema, no Rio de janeiro, para esta entrevista. Simpática e receptiva, “Miss Mader” nos surpreendeu com seu entusiasmo ao falar de Cláudia da Silva, a primeira personagem protagonista em novelas. Esse bate-papo, vocês conferem agora, em primeira mão, aqui no nosso site:

 

 

SITE – Malu, de acordo com uma matéria publicada em um jornal carioca, antigamente os atores eram “intimados” a atuar nas novelas para as quais eram escalados. Hoje essa corrente já não é tão forte assim, mas sabe-se que alguns atores costumam ficar na famosa “geladeira” ao recusar trabalhos. Você declarou certa vez que foi obrigada a fazer FERA RADICAL, que não queria fazer...

 

MALU – Já sei do que você está falando! É verdade e essa profissão é legal também por causa dessas surpresas. Quando somos, jovens temos certezas absolutas e é com esse tipo de experiência como a de FERA RADICAL, que fui começando a aprender que às vezes é bom deixar a vida te levar um pouco. Eu sempre tive uma relação muito boa com a TV Globo e quando soube que estava reservada para uma novela do Gilberto Braga, fiquei felicíssima, principalmente pelo significado que ANOS DOURADOS tinha na minha vida. Eu tinha acabado de recusar um trabalho quando me chamaram para fazer FERA RADICAL. Recusei alegando que estava reservada para uma novela do Gilberto Braga. Naquela época, o Daniel (Filho), que era meu chefe, falou que eu teria que fazer FERA RADICAL. Era a primeira vez que isso acontecia, mas como sou de cumprir meus compromissos e deveres, aceitei, apesar de um pouco contrariada. Eu sempre trabalhei com muita paixão, sempre adorei fazer TV e sempre fiz com muito entusiasmo, e mesmo assim, mesmo quando você começa muito apaixonada, já é difícil sustentar aquela paixão por muito tempo, porque lá no meio a gente fica cansado. Mas quando peguei a novela e li os primeiros capítulos, fiquei maravilhada. Era uma novela muito bem armada, a heroína não era a boazinha de sempre, era ambígua e até um pouco sinistra no começo. A coisa do amor dela com o Fernando, personagem do José Mayer, era legal também porque começava com uma certa rivalidade. Era mais excitante do que quando o casal se apaixona de cara. E isso atiça o público durante um bom tempo e faz com que os telespectadores torçam para ver aquele casal que briga tanto se entendendo, dando o primeiro beijo... Para a narrativa de uma novela é bom porquê come aquele tempo em que o casal fica junto, se amando, aquele tempo onde tudo está equilibrado na vida do par romântico, ou seja, aquela época sem graça para o espectador. Quando não tem conflito, não tem graça.

 

SITE – É, não aconteceu aquela barriga.

 

MALU – É, essa novela foi feliz em todos os sentidos, exatamente para me provar que nem sempre a gente sabe das coisas. Eu li os primeiros capítulos desconfiada, meio de má vontade, mas me apaixonei de cara. Fui gravar e adorei. Outro ponto positivo foi ser dirigida pelo Gonzaga Blota, que eu conhecia só de ouvir falar. Sabia que era um diretor querido, um homem muito simples e muito objetivo no jeito de dirigir. De alguma forma, entre todos os diretores que conheci, talvez o Blota tenha sido o que mais me deixava segura, o mais carinhoso e respeitoso. Eu me lembro que ele brincava e falava: “Miss Mader, venha!”. Era muito simpático, muito querido pela equipe e pelo elenco, nem um pouco afetado por essa coisa do poder de diretor, uma pessoa bem legal mesmo. E ainda tinham muitos amigos meus no elenco: Cláudia Abreu, que é minha amiga até hoje e já era muito próxima, Denise Del Vechio, Evandro Mesquita, que pintou no final, Alexandra Marzo, Daúde, que também é minha grande amiga até hoje.

 

SITE – Sempre a vemos com você.

 

MALU – A nossa amizade começou nessa novela. Eu me lembro de quando a gente voltava de carro e eu botava minhas fitas com Michael Jackson e a gente cantava e dançava dentro do carro. Às vezes eu dava carona para o Elias Gleiser e para a Laura Cardoso (que eu amo), o Paulo Goulart, com quem eu tinha uma relação muito intensa na novela, o que nos tornou amigos. Tenho muito carinho por ele, pelo José Mayer, Carla Camuratti, Thales Pan Chacon, que era um amor e infelizmente morreu muito cedo, assim como a Yara Amaral e muitos outros colegas queridos desse elenco.

 

SITE – Onde eram gravadas as externas?

 

MALU – Na Rural Rio (Paciência – Campo Grande). Eu ia de carro pra lá, já era perigoso naquela época e eu com 20, 21 anos não queria ir com a produção, ficar esperando. Gostava de ouvir música no carro, tinha sabor de aventura. Eu ia toda 2ª, 3ª e 4ª, era quase uma hora de carro. E voltava, às vezes, tarde da noite. Tinha uma casinha que a gente gravava que era mesmo na gente de um lago. Por dentro não tinha nada. Depois ia pro estúdio, na Cinédia, qu era longe pra caramba, como o Projac. Nós íamos também pra Vassouras (interior do RJ) e ficávamos naquele hotel, o Mara Palace. Foi lá, inclusive, gravando essa novela, que me ligaram para saber dos Titãs e eu falei que não conhecia bem o trabalho deles.

 

SITE – A gente conhece essa história.

 

MALU – A repórter me ligou para saber o que eu achava dos Titãs e como eu não conhecia direito, não quis inventar uma declaração. Depois de muita insistência da jornalista acabei dizendo “Tá bom, então diz que eu adoro e tenho todos os discos”. É claro que ela colocou essa declaração na matéria envolvida em ironia e maldade e acabei decepcionando os Titãs antes mesmos de conhecê-los. Mas tudo foi esclarecido e acabou bem como pode notar.

 

SITE – Malu, Cláudia foi sua primeira protagonista em novelas.

 

MALU – Sim. Sentia uma certa responsabilidade, mas não levava isso muito a sério. O que me importava e que sempre me importou era o bom astral na hora das gravações e o prazer no trabalho. Quando viajávamos para Vassouras, eu adorava. Eu e a Cacau (Cláudia Abreu) dávamos festa em nosso quarto. Botávamos música, dançávamos, jogávamos sinuca, Zé Mayer, Evandro (Mesquita), a Dilza (camareira), que era minha grande amiga também. Sabe quando tudo rola legal? Era uma festa total! Até hoje sinto um carinho muito grande do público com essa novela em especial. Sabe aquele pessoal que gosta mesmo de novela? Eles sempre me falam: “Pô, aquela novela, FERA RADICAL, podia ser reprisada”.

 

SITE – Associam você à Fera Radical e Top Model.

 

MALU – Deve ser essa coisa de papel-título. Isso tem uma força, é inegável. É só lembrar o que foi ANJO MAU para Susana Vieira, GABRIELA para Sônia Braga, O ASTRO para Francisco Cuoco, HILDA FURACÃO para Ana Paula Arósio, PRESENÇA DE ANITA para Mel Lisboa e dois exemplos no cinema que são GILDA para Rita Hayworth e o INVASOR para Paulo Miklos.

 

SITE – FERA RADICAL foi uma novela diferente por apresentar um interior com recursos.

 

MALU – E também a cidade. Soube depois que a novela vendia muito bem no exterior.

 

SITE – O Elias Gleizer disse na época que durante esses anos todos que tem de carreira, nunca trabalhou com um elnco tão entrosado, que se dava tão bem, sem problemas, brigas...

 

MALU – Eu também amava! Sempre adorei esse lado da profissão, esse amoro coletivo que pinta às vezes e que fica guardado em nosso coração pra sempre. Já me aconteceu outras vezes, principalmente em ANOS DOURADOS.

 

SITE – Malu, outro dia, reparando numa cena, vimos que você, nas cenas de comer, comia de verdade... Foi numa sequência em que os personagens estão almoçando no sítio antes de viajarem pro Haras do Juca. Todos falando seus textos na mesa e você... Comendo! Ao fim da cena, todo mundo com o prato cheio e o seu vazio (risos).

 

MALU – Ah, eu sou boa de garfo! Até na novela.

 

SITE – O Elias Gleiser dizia que na novela a comida era de verdade e ele ficava irado, porque gritavam “Gravando”, mas na hora que ele ia comer, vinha o “corta”, e tiravam tudo. Mas a Malu não deixava passar não.

 

MALU – É, não passava um pratinho, um lanchinho de tarde, um café da manhã! (Risos).

 

 

Por causa de um compromisso marcado para as 17h, MALU teve que encerrar esse gostoso bate-papo às 16:40h, quando pegou sua máquina fotográfica POLAROID e bateu uma foto nossa. Descemos juntas no elevador e nos despedimos. Ela se desculpando por causa do tal compromisso e a gente agradecendo pela maravilhosa tarde que nos proporcionou! E assim terminamos nossa entrevista.

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